Lopes, João Nuno Morais. "Smart specialization strategies as booster of regional entrepreneurial and innovative ecosystems." Doctoral thesis, 2019. http://hdl.handle.net/10400.6/6978.
Abstract:
The general objective of this thesis is to “analyse the relationship between innovation, entrepreneurship and competitiveness in the context of Research and Innovation Smart Specialisation Strategies (RIS3)”, following the quadruple helix network approach to regional economies in economic and social development. In order to reach the proposed objective, a typology of mixed research, presented in Chapters 2 to 5, was used.
In Chapter 2, two studies were carried out. The first study seeks, through a bibliometric analysis, to ascertain the developments that occur in the RIS3 studies to identify gaps and opportunities for future research. This bibliometric review was based on the SCOPUS database with the selected sample containing all the articles with the keywords “Research and Innovation Strategies for Smart Specialisation” or “RIS3”. Our findings detail six clusters in RIS3 research, which help to contextualise literature review: 1) business discovery; 2) smart specialisation; 3) innovation; 4) specialisation; 5) regional policies; and 6) regional development. This study also establishes perspectives for future lines of research and, correspondingly, seeks to convey a broad theoretical basis that can serve as a starting point for future studies. In the second study in Chapter 2, a bibliometric analysis of academic entrepreneurship was sought. We carried out extensive research (1971 - 2017) in the Web of Science database that allowed us to identify seven clusters in the literature: 1) entrepreneurial universities; 2) university-industry interactions; 3) university-industry knowledge transfers; 4) university-industry innovation networks; 5) university entrepreneurship; 6) university-industry industrial property; and 7) innovation ecosystems. This study reinforces the coherence and scientific structure of the existing literature and serves as a starting point for future studies in this field.
In Chapter 3, the study sought to identify the variables which best explain the performance of innovative regions in Europe by implementing regional strategies for smart specialisation. We followed a quantitative methodology and applied linear regression as a method. To conduct this study, we collected data from the Regional Innovation Scoreboard. The results led to an explanatory model of invocation of performance for the moderate innovator regions. It also identifies some possible measures and suggestions to help decision-makers improve the innovation performance of these regions.
In Chapter 4, the study aimed to evaluate stakeholder perceptions regarding the adequacy of the smart specialisation strategies defined for their regions in RIS3. We adopted a quantitative methodology through questionnaires to the different stakeholders in the Portuguese regions, according to the VRIO model applied to the regions. The results of the study emphasise that stakeholder perceptions about the adequacy of defined smart specialisation strategies for their regions do not match the smart specialisation strategies defined by their policy makers in RIS3. This study attempts to contribute to an innovative framework that helps policy makers assess and measure regional performance. The study also proposes measures to bridge the gaps found in regional strategies for smart specialisation.
Chapter 5 deals with two studies. The first study sought to analyse the dynamics underlying the mechanisms of transfer and commercialisation of university technology. We adopted a qualitative research methodology, which incorporates different case studies, interviews and applied research of the actors involved in universities, business incubators and startups. This work highlights the mechanisms of technology transfer and marketing support, including the identification of the difficulties and opportunities present in the context of cooperation networks. By examining the incubators in operation and the managers of incubated companies together with the analysis of cooperative research, development and innovation projects backed by European funding, we were able to gain insight into the different technology transfer and marketing processes. Falling within the framework of the third mission of universities, this study demonstrates not only the importance of cooperation networks in research, development and innovation, but also how the consequent commercialisation of new products and services has positive consequences for economic growth. In the second study in Chapter 5, resources and capacities were evaluated in island regions, and it was also intended to understand how value creation and commercialisation are carried out in existing ecosystems. A qualitative research methodology was followed through a case study, incorporating interviews with incubators managers from the island regions of Portugal (Azores and Madeira). The results show some difficulties as a result of the insularity of ecosystems. To shorten the asymmetry of island regions compared to other non-island regions, a new model is proposed to help these regions overcome their socio-economic problems.
Finally, in order to couple all the findings achieved in chapters 2 to 5, the Regional Helix Assessment Model was presented, clarifying the role of the different actors in the quadruple helix context and their potential contribution to increasing regional competitiveness.<br>A investigação nas áreas da inovação, empreendedorismo e competitividade tem vindo a intensificar-se ao longo do tempo. O surgimento de novas políticas de inovação regional na corrente geral das políticas públicas é consequência das recentes crises económicas, como também o resultado de mais de quatro décadas de investigação. A nossa perceção assume novas posições acerca do papel do empreendedorismo e da inovação no desenvolvimento económico e suas políticas, com particular ênfase no contexto regional, incluindo as redes colaborativas firmadas a este nível.
Atualmente, o mundo tem cada vez mais “regiões inteligentes” e “cidades inteligentes” (Kourtit & Nijkamp, 2018; Lopes & Franco, 2017; Markkula & Kune, 2015). Os ecossistemas regionais de empreendedorismo e inovação que estão a ser bem-sucedidos foram formados a partir de uma base de conhecimento sólido, conciliando uma rede de processos de inovação complementares com combinações de recursos de inovação (talento, financiamento e infraestruturas).
Os ecossistemas de empreendedorismo e inovação são definidos pelas combinações de elementos sociais, políticos, económicos e culturais numa região. Esses ecossistemas apoiam o desenvolvimento e o crescimento de startups inovadoras (Lopes, Farinha, & Ferreira, 2018; Spigel & Harrison, 2018) e encorajam os empreendedores na sua fase embrionária a assumirem os riscos para iniciarem a atividade (Spigel, 2017).
A tripla (universidade-indústria-governo) e quadrupla hélices (universidade-indústria-governo-Sociedade) são cada vez mais reconhecidas como uma fonte de inovação regional, que encoraja a transformação dos resultados em investigação científica e tecnológicos em resultados económicos. Pode afirmar-se que a inovação é cada vez mais baseada na interação entre os elementos que constituem a tripla hélice ou quadrupla hélice. Este pensamento tem tido uma crescente aceitação, como uma abordagem regional estruturada e promissora, numa economia baseada no conhecimento (Carayannis, Grigoroudis, Campbell, Meissner, & Stamati, 2018; Etzkowitz, 2003a; Etzkowitz & Leydesdorff, 2000).
Com a implementação das “Estratégias de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente” (RIS3) na União Europeia (UE), é expectável que as economias mais desenvolvidas em sistemas de R&D sejam capazes de investir na criação de novas atividades intensivas com uma forte componente em ciência. Em oposto, as economias menos desenvolvidas devem orientar a sua R&D para áreas onde já tenham a indústria implementada (Foray, David, & Hall, 2009b; Foray et al., 2012). A RIS3 veio mudar a nossa compreensão acerca do papel desempenhado pela inovação no desenvolvimento económico, com foco nas regiões. O “Valor, Raridade, Imitabilidade e Implementado na Organização” (VRIO) permite efetuar-se a análise interna das organizações sob a perspetiva dos recursos e capacidades e dos seus impactos na vantagem competitiva (Hesterly & Barney, 2010). O VRIO assume quatro condições para avaliar se um recurso tem potencial para gerar vantagem competitiva sustentada - os recursos têm de ser simultaneamente valiosos, raros, difíceis de imitar e exploráveis pela organização (Kozlenkova, Samaha, & Palmatier, 2014). O VRIO examina as atividades de uma organização e identifica as capacidades que podem melhorar a posição competitiva de uma empresa no mercado (Andersen, 2011).
Neste sentido, as características particulares de cada país ou região contribuem com recursos estratégicos para a aplicabilidade do VRIO às regiões contribuindo para o seu desenvolvimento económico e social.
A RIS3 veio destacar o papel fundamental desempenhado pelas Instituições de Ensino Superior (IES) no desenvolvimento regional (Secundo, Perez, Martinaitis, & Leitner, 2017). As IES representam fontes de atividades empreendedoras, através de liderança, transferência de conhecimento e tecnologia, bem como de sua comercialização (Klofsten & Jones-Evans, 2000; Lopes, Ferreira, Farinha, & Raposo, 2018).
Considerando as influências no envolvimento da transferência de conhecimento e tecnologia a um nível operacional, as descobertas são mais direcionadas para o empreendedorismo académico, nomeadamente em relação às características organizacionais das instituições de pesquisa e universidades. A fim de apoiar as atividades de transferência de conhecimento e tecnologia, várias organizações implementaram os escritórios de transferência de tecnologia, esperando que eles colmatem as lacunas entre a academia e a indústria (Sinell, Muller-Wieland, & Muschner, 2018).
No contexto regional, o empreendedorismo académico tem ganho um reconhecimento crescente como uma fonte de novos conhecimentos e tecnologias, além de servir como um leme para o desenvolvimento de uma sociedade baseada no conhecimento (Lopes, Ferreira, et al., 2018).
Assim, o objetivo geral desta tese consiste em “analisar a relação entre a inovação, empreendedorismo e competitividade, no contexto da RIS3”. A partir do objetivo geral foram definidos seis objetivos específicos: 1) Identificar as principais tendências da literatura na RIS3 e empreendedorismo académico; 2) Avaliar o impacto do desempenho da inovação das regiões europeias; 3) Analisar a perceção dos stakeholders regionais nos diferentes domínios da RIS3 na criação de vantagens competitivas regionais; 4) Analisar os processos de transferência e comercialização de conhecimento e tecnologia; 5) Avaliar os recursos e capacidades em regiões insulares no domínio da criação e comercialização de valor; 6) Encontrar um modelo de apoio para avaliar a perceção dos stakeholders regionais nos diferentes domínios da RIS3 no contexto dos ecossistemas regionais de inovação. A partir do problema central do nosso estudo, e procurando dar cumprimento ao nosso primeiro objetivo específico, através da “identificação das principais tendências da literatura na RIS3 e empreendedorismo académico”, foi desenvolvido o capítulo 2. Neste capítulo percebeu-se a necessidade de apoio de diagnóstico adicional em relação a ecossistemas de empreendedorismo e inovação em geral. Mais especificamente, com a análise dos clusters verificou-se a pertinência de investigar a inovação, a especialização inteligente, a RIS3 e a transferência de conhecimento e comercialização de tecnologia no contexto regional. O “empreendedorismo académico regional” foi um novo conceito desenvolvido e proposto por nós. O “empreendedorismo académico regional” consiste na criação de valor económico regional através da comercialização de propriedade intelectual gerada por recursos universitários, seja através da criação de spin-offs académicas ou startups académicas.
Partindo do segundo objetivo específico desta tese, que consiste em “avaliar o impacto do desempenho da inovação das regiões europeias”, surgiu o capítulo 3. Os dados para o estudo foram coletados os dados no Regional Innovation Scoreboard. Através de uma regressão linear foi-se analisar a performance da invocação nas regiões inovadoras moderadas (83 regiões da União Europeia). Assim, chegou-se ao modelo explicativo no que concerne ao desempenho da inovação nas regiões consideradas moderadas. Verificou-se ainda que a variável “PMEs com inovações de produto ou processo” afeta positivamente o desempenho da inovação das regiões inovadoras moderadas. Em oposto, a variável “inovação interna das PMEs e PMEs inovadoras em colaboração com outras” afetam negativamente o desempenho da inovação. O estudo confirma que o investimento em R&D efetuado pelas empresas e governos das regiões inovadoras moderadas é insuficiente. As PMEs das regiões inovadoras moderadas precisam de investir mais em R&D.
O terceiro e sexto objetivos específicos da nossa investigação, foram desenvolvidos no capítulo 4, e centram-se na “análise da perceção dos stakeholders regionais nos diferentes domínios da RIS3 na criação de vantagens competitivas regionais” e em “encontrar um modelo de apoio para avaliar a perceção dos stakeholders regionais nos diferentes domínios de RIS3 no contexto de ecossistemas regionais inovadores”. O modelo VRIO que inicialmente foi desenvolvido e aplicado a empresas, foi nesta investigação adaptado e testado em regiões. Foram efetuados questionários aos diferentes stakeholders nas 7 regiões portuguesas (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira). Os resultados do estudo enfatizam que as perceções dos stakeholders sobre a adequação das estratégias de especialização inteligente definidas na RIS3 para suas regiões, não coincidem com as estratégias de especialização inteligente definidas pelos governos regionais. O estudo tenta contribuir para um quadro inovador que ajuda os decisores políticos a avaliar e medir o desempenho regional. O estudo propõe ainda medidas para colmatar as lacunas encontradas nas estratégias regionais de especialização inteligente.
De acordo com os nossos quarto e quinto objetivos específicos de “analisar os processos de transferência e comercialização de conhecimento e tecnologia” e “avaliar os recursos e capacidades em regiões insulares no domínio da criação e comercialização de valor”, desenvolveu-se o capítulo 5. Neste capítulo, analisaram-se as dinâmicas subjacentes aos mecanismos de transferência e comercialização de tecnologia universitária. Este capítulo contempla dois estudos. O primeiro estudo, do capítulo 5, incorpora diferentes estudos de caso, entrevistas e pesquisas aplicadas dos atores envolvidos em universidades, incubadoras de empresas e start-ups. Este trabalho destaca os mecanismos de transferência de tecnologia e o apoio à comercialização, incluindo a identificação das dificuldades e oportunidades presentes no contexto das redes de cooperação. Examinando as incubadoras em funcionamento e os gerentes das empresas incubadas em conjunto com a análise de projetos cooperativos de investigação, desenvolvimento e inovação respaldados por financiamento europeu, pudemos obter insights sobre os diferentes processos de transferência e comercialização de tecnologia. No que concerne à terceira missão das universidades, este estudo demonstra a importância das redes de cooperação em investigação, desenvolvimento e inovação, mas também como a consequente comercialização de novos produtos e serviços que geram consequências positivas para o crescimento económico. O segundo estudo, do capítulo 5, visa avaliar os recursos e capacidades em regiões insulares, e também entender como a criação de valor e comercialização ocorrem nos ecossistemas insulares. Foram realizadas entrevistas com os gerentes das incubadoras das regiões insulares de Portugal (Açores e Madeira). Os resultados do estudo mostram algumas dificuldades como resultado da insularidade do ecossistema. Para encurtar a assimetria das regiões insulares em comparação com outras regiões não insulares, um novo modelo é proposto para ajudar essas regiões a superar seus problemas econômicos e sociais.
Para facilitar a compreensão do leitor de toda a revisão de literatura e os resultados da investigação realizada nesta tese de doutoramento, ao longo dos capítulos 2 a 5, desenvolvemos o modelo “Regional Helix Assessment Model”. Este modelo visa completar o sexto objetivo de “encontrar um modelo de apoio para avaliar a perceção dos stakeholders regionais nos diferentes domínios da RIS3 no contexto dos ecossistemas regionais de inovação” já abordado no capítulo 4. O modelo “Regional Helix Assessment Model” assenta em ecossistemas suportados pelas interfaces colaborativas da quadrupla hélice que precisam estar associados a outras ferramentas de medição de desempenho, incluindo perceção dos stakeholders regionais nos diferentes domínios da especialização inteligente. Este modelo enfoca a dinâmica de especialização inteligente das regiões e a valorização dos seus recursos e capacidades com ênfase nos ecossistemas de inovação e empreendedorismo regionais, através da transferência de conhecimento e comercialização de tecnologia.