De Castro, Dannyel Teles. "Um olhar sobre a ecoespiritualidade urbana / A look at the urban ecospirituality." AntHropológicas Visual 3, no. 1 (July 21, 2017). http://dx.doi.org/10.51359/2526-3781.2017.24098.
Abstract:
Sinopse: A ecoespiritualidade é uma forma de religiosidade que visa romper com os paradigmas ocidentais da relação entre ser humano e natureza, aproximando ambos. É praticada por diferentes grupos religiosos urbanos, principalmente no interior de movimentos alternativos. Os neopagãos, por exemplo, frequentemente ocupam áreas verdes das cidades nos finais de semana para a realização de rituais nos quais chamam pelas suas divindades de culto, geralmente ligadas aos diversos aspectos da natureza. O Neopaganismo é um fenômeno constituído de diferentes religiões que buscam resgatar aspectos da religiosidade de antigas civilizações, anteriores ao período de ascensão do cristianismo. Se por um lado na era pré-cristã essas práticas se davam no meio rural, por outro, seu reavivamento na modernidade emergiu em grandes centros urbanos, estando atrelado a estilos de vida cosmopolitas específicos do contexto moderno. Nas cidades, as religiões que fazem parte do corpus do Neopaganismo não possuem templos propriamente ditos, daí a importância que espaços como praças, parques e bosques desempenham para as práticas religiosas e de sociabilidade desses indivíduos. Frequentemente, nessas religiões, a natureza é personificada na figura da Mãe Terra. Trata-se de uma atribuição feminina, pois acredita-se que a natureza possui características como geradora, nutridora, acolhedora. A Mãe Terra, por sua vez, é uma divindade imanente, não estando em posição transcendente com relação à realidade metaempírica. Mais do que isso, a noção de sagrado imanente remete a uma “identidade de substância que perpassa todas as esferas do real: os seres humanos, a paisagem natural, os animais, os mortos e o cosmos” (OLIVEIRA, 2010, p.31). A forma pela qual a Mãe Terra é cultuada possui diferentes contornos nas várias sendas do movimento neopagão. Se na Wicca ela corresponde a divindade central do culto em uma dimensão impessoal (Grande Deusa, Grande Mãe) ou nominada através de uma das diversas deusas ligadas à terra encontradas em diferentes culturas (Gaia, Pachamama), em religiões como o Druidismo tal figura é vista através da deusa Dannu, uma das divindades que compõem o panteão dos povos célticos. Independente da realidade cultural em que essa religião é praticada, os druidas modernos prestam reverências à Terra, isto é, à deusa Dannu. O ensaio fotográfico propõe um olhar sobre a ecoespiritualidade praticada no contexto urbano, a partir do caso etnográfico de um grupo neopagão paraense, mais especificamente druidista, denominado Clann an Samamúma. O olhar específico será lançado sobre uma celebração realizada em um dos jardins botânicos da cidade, o Museu Paraense Emílio Goeldi, na ocasião do Dia da Terra de 2016. O evento aconteceu debaixo de uma das samaumeiras que existem no local, considerada a “matrona” do grupo, e consistiu em uma roda de cânticos, meditações, tambores e danças circulares. Todas as atividades foram feitas em “honra” à Mãe Terra, representada em um altar montado no centro da roda. Um dos cânticos entoados dizia que “a terra é nossa mãe, devemos cuidar dela/ seu solo é sagrado e sobre ele andamos/ unidos, minha gente, somos um”, remetendo à ideia presente no Druidismo de que todos estão interligados pela sacralidade da terra. Synopsis: Ecospirituality is a form of religiosity that aims to break with western paradigms of the relationship between human and nature, approaching both. It is practiced by different urban religious groups, especially in the interior of alternative movements. Neo-pagans, for example, often occupy green areas of the city on weekends to perform rituals in which they call for their worshiped deities, usually attached to the various aspects of nature. Neo-Paganism is a phenomenon made up of different religions who seek to rescue aspects of the religion of ancient civilizations, before the rise of Christianity period. On the one hand in the pre-Christian era these practices was given in rural areas, on the other, its revival in modernity emerged in large urban centers, and is tied to specific cosmopolitan lifestyles of the modern context. In the cities, religions that are part of the Neo-Paganism’s corpus do not have proper temples, hence the importance of spaces such as squares, parks and urban forests plays in religious practices and sociability of these individuals. Frequently in these religions nature is personified in the figure of Mother Earth. It is a female attribute, as it is believed that nature has features such as generating, nurturing, welcoming. Mother Earth, in turn, is an immanent divinity, not being in transcendent position regarding metaphysics reality. More than that, the notion of immanent sacred refers to a "substance identity that runs through all real spheres: humans, the natural landscape, the animals, the dead and the cosmos" (OLIVEIRA, 2010, p.31 ). The way Mother Earth is worshiped has different contours in different ways of the neopagan movement. If in Wicca it matches the main deity of the cult in an impersonal dimension (Great Goddess, Great Mother) or nominated by one of several earth-goddesses found in different cultures (Gaia, Pachamama) in religions such as Druidry this figure is view through the goddess Dannu, one of the deities that make up the pantheon of celtic peoples. Regardless of the cultural reality in which this religion is practiced, modern druids pay obeisance to the Earth, that is, the goddess Dannu. This photo essay offers a glimpse into the ecospirituality practiced in the urban context, from the ethnographic case of a paraense neopagan, specifically druidist, group called Clann an Samamúma. The specific look will be released on a celebration held in one of the botanical gardens of the city, the Goeldi Museum, on Earth Day occasion in 2016. The event took place under one of samaumeiras that are in location, considered the group's "matron", and consisted of a circle of chanting, meditation, drums and circle dances. All activities were done in "honor" to Mother Earth, represented on an altar set up in the center of the wheel. One of the sung songs said that "the earth is our mother, we must take care of her / its soil is sacred and on he walked / united, my people, we are one", referring to this idea in Druidry that all are interconnected by the sacredness of the Earth. Palavras-chave: ecoespiritualidade, grupos urbanos, sociabilidade, neopaganismo. Key-words: ecospirituality, urban groups, sociability, neo-paganism. Ficha técnica: Autora: Dannyel Teles de Castro Fotografias:Dannyel Teles de Castro Direção, Edição de Imagem e Texto:Dannyel Teles de Castro Credits: Author: Dannyel Teles de Castro Photographs: Dannyel Teles de Castro Direction, image editing and text:Dannyel Teles de Castro