Fabri, Eliane Isabel Julião, and Lilian Aparecida Ferreira. "Reflexões sobre preconceito e exclusão nas práticas corporais: narrativas de participantes de um projeto social (Reflections about prejudice and exclusion in corporal practices: narratives of participants from a social project)." Revista Eletrônica de Educação 12, no. 3 (August 6, 2019). http://dx.doi.org/10.14244/198271992580.
Abstract:
Corporal practices promote several situations of interaction among the participants and therefore they are loaded with relational challenges. In this sense, this study tried to identify and analyze the situations of prejudice and exclusion experienced or observed by participants from a social project. The methodology, based on qualitative research, consisted of an action research. The technique of data collection involved the production of oral narratives by children, adolescents and young adults from a social project. The study included 37 children aged from six to 12 years and eight adolescents aged from 13 to 17 years olds. Fifteen narratives were collected in total, nine narratives from the children and six narratives from the adolescents and young adults. The situations of prejudice and exclusion were highlighted by elements related to gender differences, differences abilities and body differences. The corporal practices signaled in the narratives were those that mobilized the cooperation and the opposition simultaneously, in which the colleagues of the same team collaborated among them and opposed the opponents of the other team, with the establishment of victory for the winners and defeat for the losers. The nature of corporal practices may incite manifestations of participants' attitudes and, in this context, the games with features exclusively cooperative appear as an alternative in contexts of conflict, showing attitudes and decisions in partnership, directed towards a common goal. Educational processes aimed at developing values, such as respect, solidarity, cooperation, for example, in the field of teaching corporal practices, could bring important contributions to human formation, with the expectation of opposing situations of prejudice and exclusion experienced for people in general.ResumoAs práticas corporais promovem situações variadas de interação entre os participantes e, portanto, são carregadas de desafios relacionais. Neste sentido, este estudo buscou identificar e analisar as situações de preconceito e de exclusão vividas ou observadas por participantes de um projeto social. A metodologia, assentada na pesquisa qualitativa, se constituiu por uma pesquisa-ação. A técnica de coleta dos dados envolveu a produção de narrativas orais, por parte das crianças, adolescentes e jovens de um projeto social. Participaram do estudo 37 crianças de seis a 12 anos e oito adolescentes e jovens de 13 a 17 anos. Foram coletadas 15 narrativas no total, nove narrativas das crianças e seis narrativas dos adolescentes e jovens. As situações de preconceito e exclusão foram destacadas por elementos relativos à diferença de gênero, diferenças de habilidades e diferenças corporais. As práticas corporais sinalizadas nas narrativas foram aquelas que mobilizavam a cooperação e a oposição simultaneamente, nas quais os colegas de uma mesma equipe colaboravam entre si e se opunham aos adversários da outra equipe, havendo o estabelecimento de vitória para os vencedores e derrota para os perdedores. A natureza das práticas corporais pode incitar as manifestações das atitudes dos/as participantes e, neste contexto, os jogos de características exclusivamente cooperativas aparecem como uma alternativa em contextos de conflitos, evidenciando atitudes e decisões em parceria, voltadas para um objetivo comum. Processos educativos voltados para o desenvolvimento de valores, como: respeito, solidariedade, cooperação, por exemplo, no campo do ensino das práticas corporais, poderiam trazer contribuições importantes para a formação humana com a expectativa de se contrapor às situações de preconceito e exclusão vividas pelas pessoas.ResumenLas prácticas corporales promueven situaciones variadas de interacción entre los alumnos y, por lo tanto, se cargan de desafíos relacionales. En este sentido, este estudio buscó identificar y analizar las situaciones de preconcepto y de exclusión vividas u observadas por participantes de un proyecto social. La metodología, asentada en la investigación cualitativa, se constituyó por una investigación-acción. La técnica de recolección de los datos envolvió la producción de narrativas orales, por parte de los niños, adolescentes y jóvenes de un proyecto social. Participaron del estudio 37 niños de seis a 12 años y ocho adolescentes y jóvenes de 13 a 17 años. Se recogieron 15 narrativas en total, nueve narrativas de los niños y seis narrativas de los adolescentes y jóvenes. Las situaciones de preconcepto y exclusión fueron destacadas por elementos relativos a la diferencia de géneros, diferencias de habilidades y diferencias corporales. Las prácticas corporales señaladas en las narrativas fueron aquellas que movilizaban la cooperación y la oposición simultáneamente, en las que los compañeros de un mismo equipo colaboraban entre sí y se oponían a los adversarios del otro equipo, habiendo el establecimiento de victoria para los vencedores y derrota para los perdedores. La naturaleza de las prácticas corporales puede incitar a las manifestaciones de las actitudes de los participantes y, en este contexto, los juegos de características exclusivamente cooperativas aparecen como una alternativa en contextos de conflictos, evidenciando actitudes y decisiones en sociedad, orientadas hacia un objetivo común. Los procesos educativos orientados al desarrollo de valores, como: respeto, solidaridad, cooperación, por ejemplo, en el campo de la enseñanza de las prácticas corporales, podrían aportar contribuciones importantes a la formación humana, con la expectativa de contraponerse a las situaciones de prejuicio y exclusión vividas por las personas.Palabras clave: Exclusión, Preconcepto, Prácticas corporales, Narrativas. Keywords: Exclusion, Prejudice, Corporal practices, Narratives. Palavras-chave: Exclusão, Preconceito, Práticas corporais, Narrativas.ReferencesALTMANN, Helena. Exclusão nos esportes sob um enfoque de gênero. Motus Corporis, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 9-20, 2002.AMARAL, Lígia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação. In: AQUINO, J. G. Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, p. 11-30, 1998.ARAÚJO-OLIVERA, Sonia Stella. Exterioridade: o outro como critério. In: OLIVEIRA, M. W.; SOUSA, F. R. (Orgs.). Processos educativos em práticas sociais: pesquisas em educação. São Carlos, EdUFSCar, p. 47-112, 2014.BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. K. Investigação qualitativa em Educação. Portugal: Porto, 1994.BRACHT, Valter. Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1997, 122p.BRANDÃO, Cláudio; CORBUCCI, Paulo Roberto. A discriminação nas aulas de Educação Física sob o enfoque bioético: um estudo de caso no Distrito Federal. Rev. Bras. Ciênc. e Mov., Brasília, v. 10, n.4, p. 51-56, out., 2002.BRASIL. Constituição Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.CARLAN, Paulo; KUNZ, Elenor; FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. O esporte como conteúdo da Educação Física escolar: estudo de caso de uma prática pedagógica "inovadora". Revista Movimento, Porto Alegre, v. 18, n. 04, p. 55-75, out./dez., 2012.DARIDO, Suraya Cristina; SANCHES NETO, Luiz. O contexto da Educação Física na escola. In: DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. (Coord.) Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara, Koogan, p. 1-20, 2005.DEVIDE, Fabiano; LIMA, Fabiane Rodrigues; BATISTA, Renata Silva. Exclusão intrassexo em turmas femininas na educação física escolar: quando a diferença ultrapassa a questão do gênero. In: KNIJNIK, J. D.; ZUZZI, R. P. (Org.) Meninos e meninas na Educação Física: gênero e corporeidade no século XXI. Jundiaí, SP: Fontoura, p.87-105, 2010.DUSSEL, Enrique. Filosofia da Libertação na América Latina. São Paulo: Edições Loyola, 1977.FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia da Pesquisa-Ação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set./dez., 2005.GOMES, Romeu. A análise de dados em Pesquisa Qualitativa. In: DESLANDES, Sueli Ferreira; OTÁVIO, Cruz Neto; GOMES, Romeu; MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, p. 67-80, 1994.GONZÁLEZ, Fernando Jaime; BRACHT, Valter. Metodologia do ensino dos esportes coletivos. Vitória: UFES, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2012.GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. Dicionário crítico de educação física. 3. ed. rev. e ampl. Ijuí: Ed. Unijuí, 2014.GRANJA, Unai Sáez de Ocárez. Conflitos y Educación Física a la luz de la Praxiologia Motriz: estúdio de caso de un centro educativo de primaria. 2011. 497f. Tesis Doctoral. Universitat de Lleida, 2011.LAVEGA, Pere; LAGARDERA, Francisco; MARCH, Jaume; ROVIRA, Gloria; ARAÚJO, Paulo Coelho. Efecto de la cooperación motriz en la vivencia emocional positiva: perspectiva de género. Movimento, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 593-618, abr./jun. de 2014.LAZZAROTTI FILHO, Ari; SILVA, Ana Marcia; ANTUNES, Priscila de Cesário; SILVA, Ana Paula Salles; LEITE, Jacira Oliveira. O termo práticas corporais na literatura científico brasileira e sua repercussão no campo da educação física. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 16, n. 1, p. 11-29, jan./mar., 2010.MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 4 ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1996.MONCEAU, Gilles. Transformar as práticas para conhecê-las: pesquisa-ação e profissionalização docente. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 467-482, set./dez., p.467-482, 2005.OLIVEIRA, Maria Waldenez; SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e, GONÇALVES JUNIOR, Luiz; MONTRONE, Aida Victoria Garcia; JOLY, Ilza Zenker Leme. Processos educativos em práticas sociais: reflexões teóricas e metodológicas sobre pesquisa educacional em espaços sociais. In: OLIVEIRA, M. W.; SOUSA, F. R. (Orgs.). Processos educativos em práticas sociais: pesquisas em educação. São Carlos: EdUFSCar, p. 29-46, 2014.OLIVEIRA, Rogério Cruz de. “Não levo jeito professor”. In: DAOLIO, J. Educação física escolar: olhares a partir da cultura. GEPEFIC-Grupo de Estudo e Pesquisa Educação Física e Cultura; Campinas: Autores Associados, p. 87-100, 2010.PARLEBAS, Pierre. Juegos, deporte y sociedades: léxico de Praxiologia Motriz. Badalona/Espanha: Editora Paidotribo, 2008.PRADO, Vagner Matias do; RIBEIRO, Arilda Inês Miranda. Gêneros, sexualidades e Educação Física escolar: um início de conversa. Revista Motriz, Rio Claro, v.16, n.2, p. 402-413, abr./jun., 2010.RANGEL, Irene Conceição Andrade. Racismo, preconceito e exclusão: um olhar a partir da Educação Física escolar. Revista Motriz, Rio Claro, v. 12, n. 1, p. 73-76, jan./abr., 2006.RIBAS, João Francisco Magno. Praxiologia Motriz: construção de um novo olhar dos jogos e esportes na escola. Motriz, Rio Claro, v.11, n.2, p.113-120, maio/ago, 2005.RIBAS, João Francisco Magno. Praxiologia Motriz: instrumentalizando a prática pedagógica para o ensino dos esportes coletivos. Motriz, Rio Claro, v.16, n. 1, p. 240-250, jan./mar., 2010.SILVA, Heloísa da; SOUZA, Luzia Aparecida de. A História Oral na pesquisa em Educação Matemática. Rio Claro, São Paulo, ano 20, n. 28, p. 139-162, 2007.SILVA, Rita de Cassia de Oliveira e; JANOARIO, Ricardo de Souza; CANEN, Ana. Formação multicultural de professores de educação física: produções do novo milênio. Revista Eletrônica da Escola de Educação Física e Desportos, UFRJ, v. 3, n. 2, jul./ dez., p. 84-105, 2007.SOUSA, Eustáquia Salvadora de; ALTMANN, Helena. Meninos e meninas: expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos Cedes, ano XIX, n. 48, p. 52-68, ago., 1999.SOUZA, Doralice Lange de; VIALICH, Andrea Leal; EIRAS, Suélen Barboza; MEZZADRI, Fernando Marinho. Determinantes para a implementação de um projeto social. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 689-700, jul./set., 2010.SPINDOLA, Thelma; SANTOS, Rosângela da Silva. Trabalhando com a história de vida: percalços de uma pesquisa(dora)? Rev. Esc. USP, v. 2, n. 37, p. 119-126, 2003.TABORDA, Douglas dos Santos. Aproximações teóricas entre a Praxiologia Motriz e a proposta Transformação Didático-Pedagógica do Esporte: por um diálogo da possibilidade. 2014. 151f. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2014. Orientador: Prof. Dr. João Francisco Magno Ribas.TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez., 2005.UNBEHAUM, Sandra. A educação física como espaço educativo de promoção da igualdade de gênero e dos direitos humanos. In: KNIJNIK, J. D.; ZUZZI, R. P. (Orgs.). Meninos e meninas na Educação Física: gênero e corporeidade no século XXI. Jundiaí: Fontoura, p.12-24, 2010.VAGO, Tarcísio Mauro. O “esporte na escola” e o “esporte da escola”: da negação radical para uma relação de tensão permanente. Movimento, Revista da Escola de Educação Física da UFRGS, ano III, n. 5, p. 4-17, 1996.VAZ, Alexandre Fernandez. Técnica, esporte e rendimento. In: STIGGER, M. P. (Org). Esporte de rendimento e esporte na escola. Campinas: Autores Associados, p.135-156, 2009.ZALUAR, Alba. Cidadãos não vão ao paraíso. Escuta, Campinas: Editora Universidade Estadual de Campinas, 1994.